terça-feira, 26 de julho de 2016

Opinião: Aniquilação (Trilogia Área X #1)

Título original: Annihilation (2014)
Autor: Jeff Vandermeer
Tradutor: Casimiro da Piedade
ISBN: 9789896379438
Editora: Edições Saída de Emergência (2016)

Sinopse:

Área X. Uma zona misteriosa e isolada do resto do mundo. Onde a natureza reclamou para si qualquer vestígio de civilização. Sucessivas expedições são enviadas para investigar o mistério que levou à sua contaminação, mas todas redundam em fracasso e os seus membros regressam meras sombras das pessoas que partiram.
Até que chega a vez da 12.ª expedição. Composta por quatro mulheres (antropóloga, topógrafa, psicóloga e bióloga), a sua missão é desvendar o enigma. Mas acontecimentos bizarros e formas de vida que ultrapassam o entendimento minam a confiança entre os membros da expedição. Nada é o que parece e o perigo espreita a cada esquina. Que novos horrores se escondem na Área X? Será a 12.ª expedição capaz de revelar todos os segredos… ou estará condenada à pior das tragédias?

Opinião:

Este livro foi lido com o misto de estranheza e obsessão. Aniquilação, de Jeff Vandermerr, apresenta-nos uma realidade estranha apesar de, numa primeira análise, parece ser muito comum. Mas conforme vamos passando tempo e explorando a Área X, percebemos que normalidade é algo que não pertence àquele local. Existem elementos grotescos, que causam deslumbramento e repulsa e eu desejei compreender o motivo de existirem. Infelizmente, não entendi a resposta.

A história é contada na primeira pessoa por uma bióloga. Não sabemos o seu nome nem os das suas companheiras de expedição. Conhecemos sim as suas profissões e, consoante a narrativa vai avançando, vamos entendendo as suas personalidades. Não houve uma única figura com a qual conseguisse sentir empatia. Gostei de acompanhar as descobertas da protagonista, a bióloga, mas não fiquei cativada pelo facto de ela ser tão fria com a humanidade e tão apaixonada por certos fenómenos.

E se, por um lado, não senti ligação com a protagonista, por outro não deixei de achar curioso o facto de as suas aventuras conseguirem provocar-me emoções tão fortes. Ao início, eu queria explorar e deparava-me com a reticência e dúvida dela. Mas à medida que o medo foi desaparecendo da bióloga, foi aumentando em mim. Eu temia os locais pelos quais ela vagueava, eu pedia para ela correr e afastar-se de certos sítios e criaturas, tremia e ficava chocada com descobertas que a deixavam fascinada.  E perante tudo isto, a minha vontade de ler este livro ia aumentado de página para página.

Fica a ideia de que algo correu mal e que uma zona ficou fora do controlo. Como tal, parece que a natureza assumiu o comando da Área X, o que faz com que a humanidade tenha pouca força no local. Aliás, as poucas pessoas que entram neste local parecem encontrar-se com a sua própria natureza e, desta forma, não voltam a conseguir afastar-se dela. Posto isto, refleti sobre o falso poder que temos sobre o nosso planeta  sobre o facto de existirem traços da nossa personalidade que nos são desconhecidos. Sobre os limites da racionalidade e da loucura.

As últimas páginas do livros foram lidas com avidez. E apesar de me sentir assombrada com a trama, não encontrei todas as respostas que desejava e acabei mesmo por me sentir frustrada por não ter compreendido tudo o que tinha acontecido. Mesmo assim, fiquei com vontade de ter já nas mãos o próximo volume desta trilogia, Autoridade, e fiquei ainda mais curiosa ao ler o excerto desse volume que se encontra no final deste livro. Não tenho por hábito prestar atenção a estas apresentações de próximos livros que a editora Saída de Emergência costuma incluir nos seus volumes, mas nesta vez não conseguir resistir. Só espero que o segundo livro da trilogia "Área X" seja mais objetivo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não :) o segundo volume não é mais objectivo (tenho a edição inglesa). espero ler em breve o terceiro para perceber mais umas coisitas. Mas até agora, o autor já classificou o livro como Ficção Ecológica, pelo que pressuponho que seja realmente a Natureza a tomar as rédeas do local.
Curiosidade - a torre invertida (poço) é baseada no poço da Quinta da Regaleira em Sintra.

Cláudia disse...

Acrisalves, obrigada pelo comentário! De qualquer forma, vou querer ler à mesma. Por alguma razão senti-me agarrada ao livro e tenho muita curiosidade em acomapanhar a história. E muito obrigada pela partilha da curiosidade! Por acaso imaginava a torre invertida um pouco como o poço iniciático, mas muito mais largo e mais profundo, claro.
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